sayonara

De todas as enunciações de despedida que já ouvi, a da língua japonesa é a mais bela, mais profunda e, especialmente, mais intensa.
O alemão auf wiedersehen, o au revoir e à bientôt, mesmo que dito pela Brigitte Bardot, o arrivederci italiano ou o inglês goodbye (que, na verdade, é uma corruptela de God be with youDeus esteja contigo ou te acompanhe), exemplos que se repetem em tantas outras línguas, não oferecem nenhum consolo para a mágoa ou dor na separação ou para aquele afogo, não da ausência, mas da vontade da presença.
O italiano ciao, que serve a chegada e a partida, reveste-se de nada, pouco menos do hebraico shalon (paz), do árabe mae es-salaam (vá em paz). O nosso passe bem é aceptico tal como o farewell do Shakespeare.
Sayonara não carrega dor nem estimula esperança. Não exprime inconformidade com a partida, não augura protecção divina na viagem, nem reprime ânsias de regresso.
Apenas aceita um facto. Todas as emoções contidas se contraem na compreensão do acontecimento. Porventura, sublima-se no adeus mudo que se manifesta na pressão de mãos amigas.

Já que tem de ser assim, é a tradução de sayonara.