É LETRA

(…) Se julga estar a ler uma estopada, uma maçada, sabia que isso, pelo século XVII, era um guisado de ovos com estopa que servia de remédio? Que, por esse tempo, matulão, não era o calmeirão que mora no segundo andar do seu prédio, mas sim a torcida do candeeiro quando crescia e fazia morrão? Nem sequer o guarda-redes do seu clube é uma bisarma, já que isso é um ferro de lança com duas lâminas. Isto são rabiscos? Não, rabiscos são os engaços das uvas que restam da vindima. Tricana, não, não é aquela moçoila do Choupal, dos seus tempos de estudante; é apenas o manto que ela usa. Pivete! Como? Nada disso, bem pelo contrário: até aos finais século XVIII nenhuma mulher dispensava aquela pastilhinha, ou rolo, odoríficos, que queimavam nos contadores. Isso mesmo, os pivetes! E o badameco? Coitado! Nasceu de um trocadilho popular, vade mecum (vem comigo, à letra), nome que se dava a todo o objecto de que se pode precisar em qualquer momento, que se é obrigado a ter à mão (hoje, um guia de turista, p. ex.), para acabar sinónimo de fedelho, janota ou peralvilho (…).
(extracto da contracapa)

NOTA PRÉVIA
Antes de tudo, este livro é o reflexo da gratidão devida a muitas palavras de estímulo. A sua maturação acabou por se tornar a origem de si próprio.

Entendo e é-me grato, devolver o incentivo. Assim, os valores recebidos pelos direitos de autor, serão doados por inteiro a uma instituição, ainda a determinar, de cuidados e apoio a animais desprotegidos.
Aquando a instituição escolhida tomar posse desses direitos, de imediato darei conta nesta página.